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Opinião: No poder, a inconsequência. Brasil tem mais de 50 mil mortes pela covid-19.





O Brasil chegou a 50 mil mortos pela Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, ainda sem cura ou tratamento. O país já soma mais de um milhão de contaminados, e hoje, em confirmações diárias, é o número um. O mundo vive uma grave crise sanitária, e luta para, o quanto antes, pela ciência e por esforço conjunto de muitas nações, retirar todos desta evidenciada e inesperada tragédia.

Enquanto isto, nestas terras brasileiras, o vírus letal está se tornando um coadjuvante entre os assuntos importantes. Jair Bolsonaro, o presidente da república, já o menosprezou por várias vezes, chamando de mera gripezinha. E muitos acreditaram ou acreditam nisto até hoje, e não cuidam nem de si, quanto mais do próximo. Todos os dias são flagradas festas com aglomerações, com pessoas sem o cuidado sanitário devido, e também descasos cotidianos numa andança desproporcional em época de epidemia. Porém, como dito, este já não é, embora vital, o assunto mais comentado no Brasil.

O descaso com a doença e com a vida das pessoas se tornou normal. A estupidez das ideologias é o que guia muitos que se dizem patriotas. E estes, estúpidos, em defesa de uma causa sem chão, pedem golpe. E espalham mentiras, e ofendem instituições e pessoas, e ultrapassam a liberdade de expressão, que aliás, é usada para a proteção destes e daqueles que agem fora dos limites da dignidade.

E agora, reaparece Fabrício Queiroz, que acabou preso preventivamente.  Mas o negacionismo e a omissão nunca deixaram os holofotes, e seguem porta-vozes de um governo que faz de tudo para ser homicida. Até ontem eram 50.659 brasileiros mortos, vítimas da doença viral e do descaso. O Brasil agora está à frente dos Estados Unidos. Contudo, o executivo federal faz de tudo para esconder os números e as culpas.

A tática para nublar a grave crise, aproveitada pela direita extremada, aquela que defende o indefensável e ataca direitos e instituições protegidas pela constituição, é fomentar que tudo não passa de um estratagema de desestabilização daquele que hoje é presidente da república. E de forma orquestrada pelo próprio mandatário da nação, que incita atos de delinquência e de milícias.

Houve, mesmo com alta taxa de contaminação pelo vírus, invasões a hospitais e unidades de saúde. Fora as aglomerações desnecessárias em vias públicas, em manifestações solitárias em favor de um governo desgovernado, com palavras de ordem antidemocráticas, com aval direto e sem reprimendas de seu Jair. Agora, numa revanche democrática, há os que buscam se manifestar em defesa da liberdade e da democracia.

Mas seria melhor se, enquanto existir tamanha crise sanitária, com o crescente número de vítimas fatais desta Covid-19, que se mantivessem a ordem e o isolamento. Pena que no Brasil o que é prudente nasce ultrapassado, e o que reina é o tal jeitinho de se fazer diferente, mesmo que diferença alguma faça.

E é certo como o dia que os resultados virão, e que muitos pagarão. E uns pagarão mais caro, inclusive contas que diretamente não fizeram. Geralmente serão os mais frágeis da sociedade. Idosos e mais pobres são os que comumente pagam todas as dívidas sociais deste país. Até quem seguiu as regras, e se cuidou ao máximo, arcará pela inconsequência alheia.

E esta inconsequência emana do poder. 

Alexandre Fon

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