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Marcelo Crivella, um bispo na prefeitura do Rio. E o que a Globo tem a ver com isso?


Reprodução da Internet

Em entrevista a Folha de São Paulo, uma semana após a polêmica decisão de censurar livro, Marcelo Crivella, prefeito do Rio de Janeiro, expõe quem é sua inimiga, e erra na hora de justificar seu ato contra a liberdade de expressão. E diz ter vontade de cortar verbas municipais no patrocínio do carnaval carioca, e explica o porquê.

A entrevista

Foi lhe perguntado sobre o motivo de censurar livro por conta de beijo entre dois personagens do mesmo sexo. Crivella negou que tenha sido censura, pois julga que há previsão em lei o ato de interferir sobre a obra alheia. Disse ele ter havido denúncias de famílias que se sentiram ofendidas, e por isso mandou colocar o livro em questão dentro de embalagem.

Crivella tentou argumentar que fez o que fez para a proteção das crianças, embora a publicação que ele tentou vetar fosse para o público juvenil. E ele tentou de tudo para separar a sua imagem pública como bispo com a de prefeito do Rio de Janeiro. "Minha opinião pessoal pouco importa. A entrevista é com o prefeito", disse na entrevista.

E quando perguntado sobre a pauta conservadora, desconversou, e tratou de desvencilhar da agenda de costumes. E aproveita para atacar a Rede Globo e acusar a emissora de ter o censurado. Mas foge do questionamento da jornalista Anna Virginia Balloussie, que pergunta: O sr. centra suas críticas à Globo. É um pouco como o ovo e a galinha? A Globo o critica por ser sobrinho do bispo Edir Macedo, dono da concorrente Record, ou o sr. critica a Globo por ser sobrinho dele? Ao que Crivella responde, "não seria uma boa pergunta para um prefeito de uma cidade com tantos assuntos a tratar: enchentes, educação."

E isto é engraçado, pois ele nitidamente acusa, mas para sua defesa, sempre foge.  Como a própria jornalista afirma, foi Crivella que trouxe a Globo para a conversa, e por isto a pergunta era pertinente.

A entrevistadora questiona sobre o preconceito a causa LGBT, dando exemplo do presidente do Tribunal de JustiçaCláudio de Mello Tavares, que teria dito que heterossexuais possuíam o direito de, baseados por sua fé, “entenderem que a homossexualidade é um desvio de comportamento”. Crivella negou qualquer desrespeito em sua vida parlamentar.

Crivella confirmou que será candidato a reeleição ao cargo de prefeito do Rio de Janeiro, e disse sim querer apoio do presidente e do governador. E disse ser preconceituosa a seguinte constatação, feita pela jornalista que o entrevistava: Atribuiu-se a ações suas na Bienal e do governador João Doria em escolas paulistas, ao recolher livros com questões de gênero, um afago no segmento conservador, por já estarem de olho na eleição. Ele respondeu: "Acho essa pergunta extremamente preconceituosa. Nós cumprimos a lei, eu não escrevi o ECA (...) Sou pai de três filhos. Quero que as crianças não tenham um choque, sejam obrigadas precocemente a ter que decidir termos que são difíceis até para adultos".

E ele não quis comentar se suas convicções sobre segurança pública convergiam com a do governador Witzel.

Mas continuou a falar sobre a Globo, agora em relação ao patrocínio municipal para o carnaval carioca. "Carnaval gera R$ 80 milhões em ingressos para a Liesa [Liga Independente das Escolas de Samba]. E R$ 240 milhões para a Globo em patrocínios. A prefeitura tem que pagar R$ 70 milhões? É certo a prefeitura pagar o conteúdo para a Globo faturar? É certo pagar o Carnaval para que a Liesa fature? Não. Não se pode ter recurso público em atividade privada. Seja o Rock in Rio, seja o Carnaval", disse Crivella.

E embora o estado seja laico, o atual prefeito do Rio diz que religião e política andam entrelaçadas. 

Agora o outro lado

Em nota, questionado pela Folha, o Grupo Globo tratou da fala do prefeito em entrevista, dizendo que “o prefeito do Rio insiste em mentir” sobre o grupo e que é clara a "tentativa de retaliação por conta da cobertura jornalística” da gestão do prefeito. Ainda diz a nota, “a acusação de censura causa espanto após o ocorrido na Bienal, quando só uma decisão do STF deteve seu ímpeto [de Crivella] pró censura”. 

Sobre o carnaval, o Grupo Globo declarou não ser o detentor dos direitos do Carnaval carioca. “O Grupo faz investimentos altos para comprar os direitos de transmissão de quem os detém — as escolas de samba — e poder comercializar cotas de publicidade em sua programação.” E mais, “investe muito também na cobertura e na promoção do evento, por acreditar na importância cultural e na capacidade de gerar renda e reconhecimento para o Rio de Janeiro”.


Para ler a entrevista completa acesse aqui


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